O setor financeiro brasileiro, seja em grandes empresas ou startups, viveu um período de intensas transformações em 2021. No caso do Banco Central, a sua agenda inovadora do atendeu o principal objetivo: incentivar a competição e criar um ambiente propício ao surgimento de novos players, e, por consequência, beneficiar diretamente os consumidores.
O Pix, meio instantâneo de pagamentos, ganhou novas fases e ampla adesão dos consumidores. O meio instantâneo chegou durante a pandemia e mudou completamente o modo como as pessoas enviam e recebem dinheiro. Em novembro, o Pix atingiu a marca de 364,3 milhões de chaves cadastradas e movimentações de R$ 623,3 bilhões.
Mas uma novidade igualmente ou até mais importante foi o Open Banking (agora Open Finance). O novo sistema bancário aberto começou a funcionar, em fevereiro, com a disponibilização de produtos e serviços bancários ofertados pelas instituições financeiras. Aos poucos, o modelo foi ficando mais robusto, com os clientes podendo fornecer seus dados às empresas.
O segmento de venture capital também não ficou para trás, e registrou grandes avanços. Foi uma temporada de crescimento estonteante para as empresas de inovação, com o aumento do número de rodadas e volume financeiro dos aportes. Segundo a plataforma Distrito, as startups brasileiras receberam US$ 8,8 bilhões em aportes entre janeiro e novembro de 2021, volume 188% superior a todo o ano anterior (veja só!).
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Mas vem muito mais por aí. Neste post, contamos o que deve ser tendência em 2022. Confira!
1 – Pix e Open Finance
Para esse ano, o Pix Cobrança, que havia sido iniciado na primeira metade de 2021, terá uma padronização para viabilizar a gestão de cobranças em lote. No entanto, a grande expectativa para o meio instantâneo de pagamentos é o lançamento da opção de débito. As transações offline e o envio de remessas internacionais também estão na pauta do BC. Mas não se sabe, ainda, quando isso deve ser implementado.
Já o Open Finance agora integra as adquirentes (maquininhas de cartões), casas de câmbio, corretoras, gestoras de investimento, seguradoras e empresas que comercializam produtos de previdência. No primeiro semestre de 2022, as empresas devem oferecer pagamentos com TED e de boletos e transferência entre contas da mesma instituição. Já a iniciação de pagamentos com débito em conta está prevista apenas para setembro.
Além disso, uma das ferramentas estratégicas é o Open Insurance, que torna também o mercado de seguros mais aberto. O modelo é aguardado para dezembro.
2 – Venture Capital
Por conta das movimentações estratosféricas, a Distrito acredita que o volume financeiro em 2021 tenha sido três vezes superior ao do ano anterior. E não há indícios de que os investidores devem tirar o pé do acelerador. Os fundos estão capitalizados e de olho em novas oportunidades em 2022. Por outro lado, as startups buscam investidores que possam agregar tanto capital quanto conhecimento para abocanhar novos clientes e atingir o mercado nacional (quem sabe, até o exterior).
3 – Possíveis unicórnios
No último ano, 11 startups que atuam no Brasil conseguiram obter o status de unicórnio, sendo que 9 são brasileiras – aquelas avaliadas acima de US$ 1 bilhão. São elas: MadeiraMadeira, unico, MercadoBitcoin, Frete.com, Cloudwalk, Hotmart, Merama, Olist e Facily. Daki (da holding americana Jokr) e Nuvemshop (que atua no Brasil, mas foi fundada na Argentina) completam a lista.
Para 2022 podem chegar lá empresas como Provu (ex-Lendico), Shopper, Fazenda Futuro, Liv Up, Kovi, Justos e Solfácil – juntas, elas receberam R$ 3,1 bilhões em investimentos em 2021.
4 – Metaverso
Um assunto até então restrito a um número reduzido de pessoas começou a se destacar entre as companhias e executivos do setor de tecnologia: o metaverso. Em 2022, esse universo que promete replicar a realidade no mundo virtual, deve ganhar mais espaço.
A Distrito lembra dos anúncios de investimentos feitos por Facebook e Epic Games, nos valores de R$ 50 milhões e R$ 1 bilhão, respectivamente, para ganhar terreno neste novo ecossistema. Apple e Microsoft também estão de olho. “O que está em jogo é uma visão completamente nova para interagir com o mundo online”, diz a Distrito.
5 – IPOs mais contidos
Em 2021, 52 empresas realizaram ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), segundo dados da CVM. No total, essas companhias levantaram R$ 54,8 bilhões, crescimento de 23,1% sobre o ano anterior, e souberam aproveitar o período em que os investidores buscavam opções no mercado.
Por conta das eleições e do PIB tímido, os IPOs devem ser mais contidos. Mas não significa que não há oportunidades. Atualmente, 28 companhias aguardam a análise do órgão regulador para chegar à B3. E a CSN Cimentos é uma das mais promissoras, segundo analistas.
Já companhias como Bluefit e Madero, que dependem da economia local, podem retomar os processos interrompidos no último ano. Por outro lado, unicórnios como Ebanx e Creditas devem fazer suas listagens na bolsa dos EUA.